sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Apartamento

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- Oi, nossa, como você está sumida!
- Pois é, é a correria. Mas você também nunca mais apareceu.
- Há, sabe como é... A gente nunca para né? Trabalho, casa, marido, filhos...
- Hi, sei como é isso. Por aqui também estamos numa correria danada. E as novidades?
- Não tenho. Nada de novo. A vida está na mesma, estou trabalhando muito... E você? O que me conta de novo?
- Nada também, o mesmo de sempre. Trabalho, faculdade, namoro...
- E sua mãe está bem?
- Está sim, graças a Deus. E os meninos?
- Há, cada dia mais lindos, levados que só vendo. Passo aperto com eles. São muito espertos.
- Faço idéia!... Bem, eu deixei uma pizza assando no forno, vou lá olhar.
- Tudo bem, eu vou ficar aqui e acabar de limpar a janela. Vê se não some vizinha!


Fernanda Colcerniani Justo

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Tempo amigo, seja legal...

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A falta de novidades tem um motivo: falta de tempo.
Como mudei de emprego e em casa ainda não tenho internet (e nem computador)  está inviável criar um texto bacana para meus leitores.
Deixo então minha promessa, até o final da semana volto com um bom e polêmico texto. Até eu me adaptar aos novos horários e a empresa, a internet será apenas uma ferramenta de trabalho.

Boa semana, até sexta!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mudando de assunto

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"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

"Poeta poetinha vagabundo... "

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Dia 13/10/1913 nasceu Vinícius de Moraes.
E o mundo ficou mais bonito...
Vinícius ficou conhecido pelos seus belos sonetos e essa forma poética é até hoje associada ao seu nome.
Boêmio, fumante, apreciador do uísque e casado por nove vezes.
Obra vasta, passa pela literatura, teatro, cinema e música.
Foi parceiro de Edu Lobo, Toquinho, Tom Jobim. Carlos Lyra, entre outros.
O que mais preciso falar de Vinícius?

“Poeta meu poeta camarada... quem dera todo mundo fosse assim feito você.... Vininha, velho, SARAVA!...”
(Samba para Vinícius – Toquinho e Chico Buarque)

Deixo aqui um poema e uma música de Vinícius para o deleite dos meus leitores.

Soneto Do Amor Total
Vinicius de Moraes


Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.


"Tarde em Itapuã"


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Homenagem ao Cartola

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Se fosse vivo, amanhã dia 11/10, Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola completaria 100 anos, uma década. Por isso hoje faço uma pequena homenagem para esse grande compositor.
Cartola foi ao lado de Noel Rosa um dos maiores sambista do Brasil. Era um dos sambistas que compunham a velha-guarda da Estação Primeira de Mangueira (minha escola do coração). Ele compôs mais de quinhentas canções sozinho ou com parceiros. Músicas como "As Rosas não Falam", "Alvorada", "O mundo é um moinho", "O Sol nascerá" e “Peito Vazio” se tornaram clássicos da nossa música popular brasileira.
Cartola teve uma vida boemia (muito natural dessa época), adoeceu ainda muito jovem e teve ajuda do seu companheiro de música e vida, Noel Rosa. Com Rosa compôs sambas que venderam no início da carreira. Viveu muitos ano com Dona Zica, e pra ela fez várias canções de sucesso como “Nós dois”, “As rosas não falam” e “Tive sim”. Com Dona Zica também fundaram o botequim “ZiCartola” que se tornou um ponto de encontro dos sambista, revelando então, grandes talentos.
Cartola lança seu primeiro disco “Cartola” apenas em 1974, aos 65 anos. Cinco anos depois, em 5/10 de 1980, ele morreu vítima de câncer. Apesar de hoje fazer muito sucesso, Cartola morreu pobre e morando numa casa doada pela prefeitura do RJ. Na década de 90 muitas são as homenagens póstumas feitas ao sambista. Chico Buarque, Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da viola e Cazuza são alguns dos artistas que regravaram a obra de Cartola.

Veja abaixo uma das canções mais belas do Cartola, "Peito vazio"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Gostos e desgostos musicais

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Vez ou outra conversando com meu esposo em mesas de boteco, esse novo velho assunto sempre surge: o que faz uma pessoa ter bom ou mau gosto musical?
Eu não vou discutir aqui o que é um bom gosto musical, afinal, isso pra mim está muito bem definido. O que tenho interesse em saber é como esse bom gosto se dá, como ele acontece.
Eu e Claudio temos opiniões diferentes. Aliás, concordamos que o tempo nos presenteia a idade e um gosto mais apurado pra tudo, inclusive para a música. Eu, quando criança, adolescente já escutava MPB, mas não era muito a minha onda. Curtia de verdade os pagodes do momento e axés, daqueles bem veiculados pela mídia, ou no máximo umas bandas pop rock. Sertanejo eu nunca gostei mesmo. Contudo com o passar do tempo, não suportava mais pagode e axé, e daquele gosto juvenil sobrou apenas as bandas de pop e rock como Legião, Engenheiros, The Cramberies, Nirvana, Titãs, Kid Abelha, etc.
O fato é que eu cresci numa casa onde todos tinham um bom gosto musical, então pra mim foi fácil herdar esse bom gosto. Quando passei da fase adolescente que é divertido curtir qualquer porcaria, passei a buscar meus próprios gostos e escolhas musicais dentro daquilo que soava bem aos meus ouvidos. Então, continuei minha apreciação precoce pelo Milton, passei a escutar os vinis de Chico, Elis, Gal, Gonzaguinha da minha mãe e fui conhecendo Edu, Tom Jobim, Toquinho, Vinícius, Caetano, etc. Influência do meio? Sim, claro. Escolha própria? Sim, claro. Hoje eu gosto de compositores e cantores que meus pais não gostam, eu fiz minhas próprias escolhas, baseada naquilo que me foi apresentado em casa.
Eu creio que passada a fase “eu gosto de porcarias” e chegada à fase adulta “eu preciso conhecer algo mais concreto”, a pessoa que continua gostando de “porcarias”, possui muita falta de iniciativa. Dizer que a mídia ou qualquer outra forma veicular impõe “lixo musical” e cultural ao povo, é sobrecarregar muito um lado só. Tudo bem, há algum tempo atrás encontrar coisas boas acessíveis era muito complicado, hoje em dia, não é mais. Não que esteja na mídia toda hora, mas já temos grandes evoluções. Um canal em TV aberta aonde se passa APENAS bons programas, rádios (3 ou 4) que se dedica apresentar boa música, novos talentos realmente expressíveis e todo o nosso passado musical cheio de gênios eternos. A mídia empurra lixo? Sim, mas também come porcaria quem quer e as coisas boas estão ai circulando também e nem precisa ser rico para escutar uma rádio FM e sintonizar numa boa estação. Além disso, hoje em dia temos programações culturais gratuitas, de teatro de rua, grupos de rua, de poesia, música, enfim, de tudo quanto é tipo de arte. Sem falar aqui de exposições culturais, cursos e palestras acessíveis a qualquer pessoa que queira, e olhe só, de graça. Como saber? Até no jornal popular de R$0,25 (que todo mundo compra) possui esse tipo de informação cultural. Então, podemos culpar apenas a mídia? Acredito que não.
Concluo que uma pessoa que nunca ouviu falar de Chico, Milton, Tom, ou seja não teve em casa uma boa educação musical, terá mais dificuldade em gostar daquilo que ao meu ver é bom. Mas também não é uma pedra perdida. Família influência, mas amigos também, escola também. Aonde tem boa música há chance de termos uma salvação musical.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Milton Nascimento, pela estrada.

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O que falar de Milton Nascimento?
Esta semana, eu estou muito voltada para o “mineiro de coração” Milton Nascimento. Ao meu ver, Milton é um dos mais importantes compositores brasileiros.
Muitas vezes me deparo com pessoas que não gostam ou não conhecem, ou conhecem pouco Milton Nascimento. Veja bem, já ter escutado “Maria Maria”, “Canção da América” e “Coração de Estudante”, não é conhecer Milton Nascimento e nem ter parâmetro para poder tecer algum tipo de gosto ou desgosto pela sua obra.
Milton Nascimento tem uma bela e riquíssima obra, realizada ao longo de muitos anos, um trabalho que ainda está sendo construído e que continua belíssimo.
Minas Gerais tem o prazer de ter sua história cantada e figurada na belíssima e eterna voz de Milton Nascimento. Já dizia Elis Regina “Se Deus cantasse, ele teria a voz de Milton Nascimento”.
O que me intriga, é que Milton é uma das pessoas mais discretas que eu já vi. Para se ter uma idéia, minha paixão pela MPB começou com Milton Nascimento, muito cedo, quando eu tinha por volta de 8 anos e o meu pai me presenteou com uma fita K7 do Milton: “O planeta Blue na estrada do Sol”. Conheço Milton e sua obra de outros carnavais e sei pouquíssimo de sua vida. Sei tão pouco que apenas esta semana eu descobri que Milton era casado e teve um filho. Seu nome? Pablo. Dizem que hoje é um advogado e mora em SP. Juro, eu não sabia. Alguém ai sabia disso? Alguém ai sabe mais alguma coisa da vida de Milton? Homem discreto e talentoso esse Milton Nascimento. Ele me fez ter orgulho de ser Mineira.

Algumas curiosidades da vida de Milton (que eu sei)

Em 1967 sua carreira teve reconhecimento internacional. Em 68 ele lançou o seu segundo disco, nos Estados Unidos.

Milton Nascimento em 1975 lança o disco “Minas” com canções como: “Fé cega, faca amolada”, “Ponta de areia” e “Paula e Bebeto”, o disco tem a participação do pianista Tenório Junior. Milton fica sabendo que seu disco assume o primeiro lugar de vendas na Austrália, à frente dos Beatles.

É Milton que fez a trilha de sonora de “Maria Maria” que marca a estréia do grupo Corpo no Brasil e no mundo.

O primeiro fã clube do Milton surgiu em Tokyo com o nome “Fã Clube da esquina”.

O disco “Txai”, concebido a partir de uma viagem de 18 dias de barco pelo Rio Juruá, ficou em primeiro lugar da lista de World Music da revista “Bilboard’.

Em 1995 uma criança chamada Mardey que fazia parte do Coral que gravava o disco “Amigo” com Milton, fez ele desistir de parar de cantar. Hoje Mardey é seu filho adotivo.

Em 2006 e 2007 ganhou o premio de melhor cantor pelo Prêmio de Marcas Confiáveis.
Fez apresentações por todo o mundo, Nova York, França, Espanha, Austrália, Japão, etc. E recebeu uma aceitação e uma adoração enorme no exterior.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mais comparações?

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Ainda na polêmica...
Como todos devem saber, eu adoro uma polêmica, uma confusão, uma discórdia. A comunidade da qual eu participo assiduamente no orkut (Chico Buarque de Holanda) me aguça ainda mais esse espírito, digamos, “cri-cri” .
Depois de discutir com bastante exaustão a questão da “melhor cantora do Brasil”, a discussão da vez é: “Elis x Maria Rita”.
Eu acho essa discussão muito pior, quer dizer, uma discussão muito mais estéril.
Primeiro porque eu acredito que comparar Elis Regina com qualquer pessoa é uma perda de tempo, e segundo porque comparar mãe e filha esperando que a filha seja tão boa ou melhor que a mãe, é covardia!
Eu adoro Maria Rita. Mesmo. Acho que ela canta super bem, acho que o tempo tem feito muito bem pra ela no palco e que ela conseguiu o que parecia impossível: consolidar sua carreira com classe, longe de querer fazer uma cópia forçada da Elis Regina.
Vejamos que Maria Rita é apenas filha de Elis. Ora, as pessoas não podem esperar que eu tenha todas as características iguais as da minha mãe, porque então exigir isso da Maria Rita? Bobagem! Elis Regina é Elis Regina. Maria Rita é Maria Rita. E na verdade dessa relação de mãe e filha restou muito pouco, quando Elis morreu Maria Rita tinha penas 6 anos. Ficaram trejeitos, semelhanças físicas e talvez um leve timbre de voz, e só.
Maria Rita possui três CD’S, ainda está no início de sua carreira e com certeza terá muitas coisas boas para mostrar.
Tão inteligente e autêntica quanto Elis Regina, ela escolhe seu repertório, suas músicas e não fica a mercê de gravadoras. Talvez, essa seja a maior semelhança entre elas.
Quem é melhor? Elis, claro. Maria Rita é ruim? Na minha opinião não, pelo contrário.
È estranho comparar Maria Rita e Elis Regina, já que não podemos comparar Maria Rita com Gal, Bethânia, Dolores Duran, Dalva de Oliveira, etc... Os tempos são outros. Sou um pouco saudosista e adoro os cantores póstumos, contudo não me detenho apenas neles, mas acredito que as melhores cantoras do Brasil, não estão nesta geração. Temos ótimas cantoras, (com a graça de Deus) mas não temos nada de novo (como foi Elis em sua época por ex.). Aliás, é por isso que prêmios de melhores cantoras e cantores são feitos periodicamente, não é?
Enfim. Maria Rita surgiu no cenário da MPB numa ótima hora, havia carência de boas e novas músicas.
Definitivamente, Maria Rita não é a reencarnação de Elis Regina (como alguns esperavam) é apenas a filha dela e nada mais. No entanto eu aprovo e gosto. Mas não cabem comparações.


Vejam o clipe de "Num só corpo" faixa do novo CD "Samba meu"