segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um sopro de morte

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A vida é um leve sopro, só um sopro. Morrer é perder esse sopro, é deixar ele se esvair. Ele foge, sai, escapa. Não deve nem se perceber que ele está se esvaziando, aos poucos... Como um balão com um pequeno furo que chega murcho ao final da festa. Morrer não deve ser bom, nem deve ser ruim. Na verdade, morrer não deve ter sentido nenhum. Morrer deve ser algo no meio termo, justamente pela falta de entendimento do ato.
Soco na boca do estômago.
Corrida sem ponto de chegada.
Respiração tão ofegante que de repente para.
Da um tempo.
E não volta.
O sopro que Deus deu. O sopro que o próprio Deus tira, sem aviso, sem explicação. Morrer não deve doer. Morrer deve ser como perder o ar e não deve durar mais que um segundo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Agressão verbal

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Agressão verbal - homens x mulheres


Ela:


— Seu babaca escroto, animal filho da puta, ladrão,

salafrário, viciado , preguiçoso, vagabundo, corrupto,

pão duro, mau-caráter, sanguessuga, imbecil, cachaceiro,

mulherengo, chifrudo ordinário, idiota, bêbado, burro, inútil,

você é um resto de merda que não serve pra porra nenhuma,

seu maldito desgraçado imprestável do inferno ! ! !




Ele:

— Gorda!


(By Stefan)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Paralisia

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Trajava uma roupa toda preta com acessórios que realçavam a maquiagem carregada. Acenou para um táxi, estava cansada demais para ir embora de outra forma. Ao entrar indicou o caminho e ansiava a hora de chegar em casa, era aquele momento que tudo o que se pretende é água quente e sossego.

Com sua doce simpatia pediu ao taxista para acender um cigarro. Notando a sua angústia ele não negou, ainda tentou render algum assunto, mas claramente dispersa ela negou-se a conversar. O carro em alta velocidade pela avenida acompanhava a velocidade dos seus pensamentos. As luzes dos postes pareciam borrões que iluminavam pouquíssimo o seu rosto escondido pela penumbra do carro.

Lembrou do dia que conheceu o homem de pele macia, olhar doce e risada cativante, do primeiro beijo que dele ganhou. Arrepiou. O olhar que a fez despertar para o amor, para o primeiro amor, apesar de não estar motivada a amar. Quem sabe poderia ser diferente? Abraçou-lhe, sentiu frio bom na barriga. Algum tempo depois amou e há muito não sentia prazer daquela maneira. Naquele momento sentiu a sua alma ser levada para um lugar que só sabe quem já fez amor alguma vez na vida.

Agora se lembrava de alguns minutos atrás. O mesmo olhar que lhe convidou a amar, dizia que agora já não podia mais ser. Contorceu-se de dor. Engoliu seco o choro, levantou-se calmamente, sorriu - apesar da desgraça - e com os olhos úmidos não disse uma só palavra. Retirou da mão direita o anel dourado e delicadamente o pôs sobre a mesa. Retirou-se. Não sobraram palavras, não havia o que ser dito, era assim que tinha que ser.

Nem perceberá quando o carro parou e enfim escutou: “chegamos”. Retirou de sua bolsa de mão a quantia exata, pagou, despediu-se, agradeceu e saiu do carro buscando alguma resposta que lhe confortasse o coração. Sua cabeça estava estourando de dor e ao entrar pela porta da sala, desmontou-se no sofá. Retirou as botas pesadas e sentiu o chão frio regular os seus pés quentes. Olhou para o teto e uma lágrima desceu para limpar a sua maquiagem e sujar as suas maçãs rosadas. Ficou ali um tempo pequeno, logo se levantou, tirou toda a sua roupa. Abriu o chuveiro e quis a temperatura mais quente, foi aos poucos colocando cada parte do seu corpo em baixo da água quentíssima. Em pouco tempo o banheiro esfumaçou. Acariciava lentamente o seu corpo com o sabonete, sentia a água do chuveiro se misturar com a água que rolava dos seus olhos. Enrolou-se na toalha, sentou na beirada da cama e não conseguia parar de pensar. Daquela maneira adormeceu, lembrando que já havia morrido e matado muitas vezes por amor.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Achada

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Não... Eu não espero que tudo dê certo (sempre), um pouco até pelo contrário, gosto de me agarrar a poucas possibilidades. Revirando alguns papeis encontrei aquela carta que eu ia te enviar e não enviei. Nem me lembro porque, nem me lembro se tinha intenção de enviar. Às vezes escrevo assim, só pra ver como ia ficar. De qualquer forma a carta já bem marcada pelas dobras, falava de coisas que já nem me lembrava, e até acho bom, sinal que o tempo é mesmo tudo aquilo que falam. Aquela amizade que era tão bonita e que depois se tornou isso que é hoje, não merecia mesmo aquela carta, não merecia as letras garrafais que dizia: “amizade eterna” e “te amo de verdade”. A vida passa e o cheiro do passado arde às narinas, dia sim, dia não. O bom da vida é esse erro constante em que nos metemos, ou o acerto constante que não promove nada. Eu realmente não espero, ou espero por tanto tempo que já nem considero que seja uma real espera.

A carta que eu li, não representava de fato o passado, eu contive as palavras para não parecer dada ao sentimentalismo. Mas agora ela já não faz sentido, porque nem aquelas palavras contidas se aproximam da minha falta de sentimento atual. Hoje já não sinto nada e nem me faz falta. Depois de recordar bem e a lembrança retornar viva, pensei e tive certeza que nada daquilo que vivi era vida que devia ser vivida. Não era vida. A gente sente falta por querer sentir falta, mas se for analisar a realidade, não tem falta nenhuma. Pensando assim fica mais fácil viver. Tenho tentado descomplicar a vida, mas quando paro de rever os erros do passado, começo a temer pelos erros do futuro e nem seu bem se vivo ou se espero viver essa vida que é minha, só minha e que não há ninguém que se dê ao trabalho de entender. Quanto à carta eu rasguei e rasgarei também esses escritos que de nada servem. Nada que escrevo serve. Não serve para você, não serve para mim, até mesmo para escrever eu minto e minto tanto que não há verdade nenhuma em nada que se lê.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pulseiras do sexo

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Moda é algo inacreditável, consegue abalar as estruturas de qualquer ser. A ‘’bola da vez’’ são as pulseiras do sexo, pulseiras de silicone, coloridas e charmosas que escondem um terrível significado por trás de cada uma.

Cada pulseira possui um significado de acordo com suas cores, e o jogo funciona de seguinte forma: uma pessoa arrebenta a pulseira de outra, e o que determina a cor dessa pulseira, é o que deve “rolar” entre esses dois adolescentes (o que arrebentou e o que teve a pulseira arrebentada).

Na escola que dou aula, essas pulseiras foram proibidas pela diretora. Uma menina ‘’apanhou’’ na porta da escola por não querer transar com um menino que arrebentou a sua pulseira preta. Muito justo ser proibidas. Vi o significado dessas pulseiras na internet e é diferente dos significados que circulam nessa escola. Parece que esses significados são alterados e ficam cada vez pior, juro que não tenho maldade para tanta besteira que vi escrito no papel de significados que circulou pela sala dos professores (o papel com os significados foi escrito por uma aluna).

Sou super a favor da proibição dessas pulseiras, proibição inclusive de sua venda. A moda iniciada na Europa está causando um turbilhão nas escolas e nas ruas. Os adolescentes, já acostumados a banalizar tudo, encontraram nessas pulseiras a chance de banalizar mais uma vez o sexo. Veja bem, não sou careta, mas tenho certeza que um adolescente não está emocionalmente preparado para ter vários parceiros sexuais. Além da falta de responsabilidade próprios da idade, eles não têm consciência sólida das conseqüências que o sexo pode causar. Acreditem, eles não possuem tanta informação assim. Numa aula em que trabalhei o Gênero Carta, pedi para que escrevessem sobre a Aids e eles não sabiam bem do que se tratava, eu fiquei muito aterrorizada e compreendi que a imaturidade deles é muito maior do que pensamos.
Alguns dizem que sou radical, e posso até ser. Mas acredito fielmente que toda essa liberdade em que nossos jovens são submetidos é que faz com que tantos adolescentes se percam com filhos fora da época e com drogas. Um pouco mais de disciplina, pelo amor de Deus.

Claro, que nem todos adolescentes usam essas pulseiras para trocar experiências sexuais, mas a maioria está ai pra isso (como dizem meus alunos). Então, antes de termos adolescentes promíscuos, é melhor cortar o mal pela raiz.

Vote, você é a favor ou contra a proibição dessas “pulseiras do sexo”?

A ENQUETE ESTÁ BEM AI DO LADO!